sexta-feira, maio 19, 2006


A sutileza e a sofisticação de Affonsinho

por Samuel Rosa (Skank)


"Sem querer fui me lembrar de quando eu era apenas um rapaz de dezesseis anos. Me vi descendo a Rua Piauí, com guitarra na mão, rumo à casa do Affonsinho, na Maranhão. Aquilo pra mim tinha um significado muito especial. Não era meramente mais uma aula de guitarra. Era a ocasião em que eu poderia estar mais próximo do rock'n'roll. Era como se eu estivesse ali, diante de uma espécie de George Harrison que falava português. O que poderia ser melhor do que ter um "guitar hero" como professor?Affonsinho foi meu primeiro grande modelo na música. Ele encarnava a possibilidade real de fazer rock'n'roll, mesmo sem ter nascido em Liverpool, e isso foi determinante para mim. Mais tarde, mesmo já não sendo mais seu aluno, mas ainda sim me considerando um, comecei a acompanhar sua carreira de perto: shows, ensaios, gravações e, finalmente, seu trabalho solo.Por isso, definitivamente, não é simples me desvencilhar de todo esse peso emocional, e fazer uma apreciação isenta do seu trabalho. Em contrapartida, hoje, talvez um pouco mais maduro consigo dimensionar da música desse cara. Quem poderia, como faz Affonsinho, passear por diferentes estilos com tanta identidade, escrever belas canções e, ainda, aprimorar cada vez mais suas letras e vocais? Poucos no Brasil, creio eu.Hoje já não desço mais a Rua Piauí para chegar na Maranhão, mas ganho várias aulas a cada nova música que Affonsinho faz".

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